retrospecção da minha vida.

Mudei muito! Às vezes nem eu própria me reconheço. Vou contar a história da minha vida, por alto.
Bem, nasci em Hamburgo, na Alemanha, a 27/07/1993. Todos os Invernos, adorava a neve e o frio, mas vendo bem , lá o inverno não é assim tãooo diferente do verão. Lá, haver um dia de sol é milagre. cresci com a minha família por perto, e pode-se dizer que era feliz. Todos os domingos haviam almoços na casa da minha Madrinha, da qual tenho muitas saudades. A Alemanha é outro mundo, o que a faz tornar menos 'apetecível' é mesmo o tempo de shit.
Todos os verões, eu , as minhas irmãs e os meus pais vínhamos ao Algarve passar umas férias na praia. Isto para mim era um sonho, a praia, a areia..
Eu nasci gorda, muitooo gordaaaa. O meu nariz quase não se via e os olhos pareciam de chinesa. depois fui emagrecendo até aos 8/9 anos, onde era um palito. Aos 8 anos vim para portugal de vez. Com a minha avó a meu lado, sempre a dizer-me 'Caty, não tens fome?!', 'Caty, vem lanchar', 'Caty, vem comer a ceia', bem, engordei, e não foi pouco. E como com os meus inocentes 10/11 anos, a minha figura física não era mesmo o que mais me preocupava, comecei a ficar "redondinha".
Quando cheguei aí por volta dos treze, as pessoas amigas dos meus pais ou mesmo até a minha família quando me via, dizia 'tá gordinha, não saiu à mãe, que é toda elegante' ou então 'é a que se vai casar em último das três irmãs, é a mais gordinha' - e aposto que não se estava só a referir ao corpo, mas sim também à cara. Enfim, comecei a acumular as críticas que ouvia desde que comecei a ter noção de que existo, e fechei-me num mundo só meu. Nunca saía de casa, só tinha uma amiga, que estava numa situação parecida com a minha, fechava-me no meu mundo, e o meu refúgio era a leitura. Sim, eu devorava livros e livros inteiros num abrir e fechar de olhos! Os Verões passavam, e eu não tinha ido uma única vez à praia, pois tinha vergonha de mim, do meu corpo. Eu não era obesa nem nada disso, mas estava um bom bocado acima do peso. Na escola era uma anti-social no sentido literal da palavra. Não me lembro de alguma vez confiar em mim própria, e de acreditar em mim, assim como não me lembro de algum rapaz ter  nutrido algum sentimento por mim. Sinceramente, acho que ninguém me via, sentia-me completamente invisível. Mas chegou a uma altura, aí por volta dos 14 anos, em que eu me disse a mim própria: 'vais ficar sentada sem fazer o que tem de ser feito? sem te esforçares para conseguires o que queres, sem ter amigos?'
E comecei pela primeira vez a lutar por mim. Nunca tinha desejado nada na vida como desejara naquele momento. Foi uma vontade maior que eu, uma força que me empurrou. Comecei a cuidar de mim. Comecei a fazer exercício. Mas nada como um primeiro amor para nos mudar completamente certo? e foi ele que me mudou. E "temo" que para sempre. Aprendi tanto mas tanto. Dizem que nos livros aprendemos muito...não concordo! Eu passava horas e horas a ler e nunca saía do "buraco", só com a prática é que aprendi, com a vida. Os livros ensinam-nos apenas. Nós é que temos de fazer algo por nós. Mas sim, ler faz bem. (:

É verdade que percorri um longo caminho até onde estou hoje, mas valeu todo a pena. Não me arrependo de nada, nem dos meus erros. Afinal foi com eles que eu aprendi e cresci certo? Orgulho-me do que sou e dos meus amigos, que nunca falham. Hoje orgulho-me finalmente do meu corpo e já não oiço as críticas que ouvia, transformaram-se em elogios. Mas por vezes a assombração da Catarina ainda volta, pois a Catarina sem confiança, e que não acreditava nela, ficará para sempre comigo, é uma parte de mim.*